sexta-feira, 6 de novembro de 2009

De frente para o mar.

Tenho o privilégio de poucos de morar numa cidade linda, ensolarada praticamente o ano todo, farta de frutos do mar, de um povo alegre e colorido e além de tudo isso ainda moro de frente para o mar.
Tem coisa melhor?
Há uns bons anos atrás , morar de frente ao mar significava apenas ter uma linda paisagem a sua disposição , ter o prazer de sentir o cheirinho de maresia trazido pela brisa. Mas, como tudo evolui na vida, esse exercício tão simples e poético se tornou algo mais.
Esse algo mais tem se tornado mais atrativo do que o por do sol, do que fazer castelos na areia ou dar uma bela caminhada.A minha praia, meu cenário perfeito de relaxamento e conexão com o Criador, tornou-se um cenário perfeito de um filme de ação e terror.
Hoje pela manhã sai com minha família para dar um passeio, admirar a criação, abastecer nosso tanque para enfrentar a vida  e pela terceira ou quarta vez, fui impedida. Tiraram meu direito de ver e fazer poesia e me colocaram na frente de uma tela de horror. CANSEI!
As mesmas pessoas, no mesmo lugar assaltando quem passa.Como já tinhamos visto o "filme" antes, os atores também já são conhecidos, ficamos ligados neles e desligados para tudo que já citei e que me encanta no lugar onde moro.Enquanto estavámos molhando os pés na água, eles sentados na areia observando a próxima vítima, queria sair dali, eu e meu marido procurando pela areia algum policial, que com certeza estava mais escondido do que os sirizinhos que costumamos procurar na areia.
Não demorou mais vinte minutos, um deles atacou uma mulher que caminhava.
Nada da políca, nada de nenhum banhista se solidarizar com a mulher, nós que estavámos de longe saimos para chamar um policial na avenida da praia.
Ah, estavam lá eles, uma dupla, com sua motocicleta encostada num coqueiro, eles debaixo batendo um papo agradável, acho que curtindo a brisa, fiquei sem graça de não me oferecer para pagar um coco a eles, meu marido quase que desconcertado em atrapalhar aquele momento de relax deles, relatou o ocorrido e eles sairam para procurar os meliantes (mirins (como chamam aqui), vagabundos, ladrões, larápios, desgraçados que roubam nossa paz, dê o nome que quiser|!).Voltamos para a areia, porque como já vimos o filme, sabíamos exatamente a cena que viria a seguir, eles voltam sempre prô mesmo lugar na maior tranquilidade.
Avistei um deles  no meio do banco de areia!!Cadê? Correu!
Viemos voltando calmamente para casa, nos encontramos com outros moradores que como nós também estavão cheios daquele reprise, mais rodado que Lagoa Azul na Sessão da Tarde e de  repente o avistei, bem tranquilão, andando como um cidadão comum e honesto em plena avenida.Atravessamos a avenida olhando para ele, que já tinha nos "manjado", entramos num bar vizinho ao nosso prédio, como que por extinto de sobrevivência, meu mardio pegou uma ferramenta que estava no chão e já saiu jogando em cima do mirim, ele saiu correndo na avenida, a população começou a gritar "Pega, pega!" aquela confusão, ai lá vem a motoquinha de fazer vergonha a memória do "CHIPS", nos perguntando qual direção ele havia tomado.
Que direção? A mesma, meu querido! Emburacou na comunidade , para se misturar a um povo que está tão cansado da violência gratuita, da  névoa da droga sendo queimada na porta de casa, cansada de ter sua imagem pixada por uma meia dúzia de gente que usa a desculpa de ser tão menos favorecida em tantas coisa na vida que é por isso que é assim.
Em todo lugar tá assim, nas comunidades, no meu prédio que tem um padrão um pouquinho melhor, no prédio de luxo de um casal amigo, que quase não acredita ao ver seu vizinho do andar debaixo, com a cara  (tão comum e normal )estampada em todos os jornais por formação de quadrilha que rouba além do dinheiro de recém formandos o sonho de uma festa de formatura.
Cansei, cansei! Quantos de nós já se cansou?Somos tantos, vítimas,amigos das vítimas , parentes das vítimas, pastores das vítimas...
Me entristeci tanto...Como é difícil ver em pessoas assim a irmandade, amor, perdão, compaixão, misericórdia.
 Quero de volta meu privilégio de morar em frente ao mar, como disse uma moradora da comunidade aqui vizinha; "todos nós, sendo ricos, pobres, negros, brancos,bem- resolvidos ou não estamos todos abandonados pela dita segurança, a única segurança que temos é a de Deus". 
Que a mão de Deus possa nos guiar e nos desviar de caminhos assim , que Ele nos mostre sempre que ainda há beleza em morar de frente para o mar.

Um comentário:

  1. Oi MÔ, realmente é frustante toda essa situação, pq simplesmente não podemos fazer nada, estamos desamparados pelas autoridades e somente contamos com a ajuda divina para nos livrar de tudo isso, eu moro de frente pra uma praça e acredite!!! tivemos que tirar os bancos pq não sabíamos quem estava sentado ali e assim não podíamos entrar em nossas casas, nem sequer passear por ela, eu mesma vi um casal de namorados ser assaltado com arma numa noite, chamamos a polícia militar e acha que ela apareceu? Não. Estamos num país que tem mais guerra que qquer outro.

    ResponderExcluir