domingo, 8 de setembro de 2013

"Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui." (Clarice Lispector)


Já tem um tempo que me questiono se devo continuar a ser assim, tão disponível para as pessoas. Isso acontece principalmente depois de alguma puxada de tapete, de uma decepção com alguém que já amei muito, me doei muito, me dediquei muito (MUITO).
Sempre fui resistente a mudar esse meu jeito, mas quando a dor chega, é inevitável não questionar se ser assim, vale a pena. Mas depois que a dor  passa (porque ela passa!), lá ia eu de novo, abrindo o coração e me doando novamente e de uma forma que eu já tinha até prometido a mim mesma que jamais faria novamente (rss).
Sempre fui intensa em minhas atitudes e emoções, sempre fui preto no branco, oito ou oitenta. Depois de idas e vindas e alguns caquinhos recolhidos, sempre consegui retomar e ficar especialista em resiliência.
Ultimamente tenho me deparado com situações que tenho que decidir se avanço ou recuo, se travo ou simplesmente me permito ser quem sou sem medo. Conversei com Deus e em meio a minhas dores, fui sincera ao ponto de dizer que se Ele desejasse uma atitude minha, que fizesse no outro, porque eu não tinha como dar o primeiro passo. Pois, surpreendentemente Ele fez  no outro (preciso aprender a pensar antes de falar, rss) e agora precisava fazer a minha parte.
Dar os primeiros passos, depois de um tempo de dor é muito complicado. Me senti "forçada" a caminhar sobre a mesma ponte que se quebrou e me fez despencar sobre o abismo que deixou em mim as marcas que ainda doem.
Preferi passar pela ponte com medo mesmo e confiar que estava fazendo a coisa certa. Hoje pela manhã, o Senhor falou comigo de uma maneira tão forte e específica que me encheu de paz;

"Porque Deus tanto amou o mundo que DEU o Seu Filho Unigênito, para que todo o que Nele crer não pereça, mas que tenha a vida eterna." (João 3:16)

"Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo DEU a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos." (1 João 3:16)

Se Ele DEU e somos Dele, somos cristãos. Cristianismo significa pequenos cristos. A vida de quem se diz cristão tem que ser DOAR.
Hoje entendi que não posso mudar, não posso fingir que não estou ouvindo Sua voz me mandando fazer, nem blindar meu coração para não fazer o que Ele me vocacionou a fazer. Por mais que as atitudes (ou a falta delas) de algumas pessoas que estendi a mão tenham me machucado, eu preciso continuar a ser quem sou, quem Ele espera que eu seja, porque tenho Ele em mim e se O tenho, sou doação.
Portanto, continuarei fazendo meus bolos para presentear os que tenho desejo, continuarei a estender a minha mão para o ferido, enxugarei a lágrima do que chora e deixarei minha família sempre segura com Ele e irei socorrer aquele que não tem em quem recostar sua cabeça pesada de tantos problemas.
Agora, se tiver tudo bem e quiser me chamar para darmos boas risadas, conversar "nada" e brindarmos a vida com uma boa xícara de café, pode me chamar também porquê eu vou correndo.